Com as restrições impostas pela LGPD, os profissionais de marketing e as empresas devem adequar sua comunicação de acordo com o consentimento do usuário, usando estratégias mais inteligentes e éticas de acordo com o pensamento da regulamentação.
A LGPD, também conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados, é uma norma federal aprovada em 2018, que entrou em vigor em maio de 2021. Com a implementação da LGPD, o Brasil se alinha a governança internacional de países que possuem legislação especial para a proteção de dados.
Essa nova regulamentação mudará a operação das marcas em relação à coleta, armazenamento, tratamento e dados. A legislação também impõe um alto padrão de segurança digital com penalidades significativas para as empresas que não cumprirem os requisitos.
Com regras mais estabelecidas, o país está preparado para a nova era da inovação e comunicação digital. Dessa forma a expectativa é garantir a liberdade e proteção dos usuários on-line. Ao mesmo tempo, se espera evitar situações como a que ocorreu com o Facebook em 2019, que expôs informações de 267 milhões de usuários.
Pensando nisso, elaboramos este conteúdo para que você entenda um pouco mais sobre a LGPD e as principais dúvidas acerca do tema. Continue a leitura e saiba mais!
Por que a LGPD foi criada?
Conforme abordado, o vazamento de dados trouxe receio para os usuários de diferentes redes sociais e plataforma. As autoridades enxergaram a necessidade de haver uma legislação que regulamentasse melhor o uso das informações e trouxesse regras para a coleta desses itens.
Além desse crescente aumento de vazamentos, crimes cibernéticos são cada vez mais frequentes. Por conta disso, tem sido exigido que as empresas estabeleçam medidas de segurança também contra ataques de criminosos que agem realizando sequestro de informações e obtendo ganhos ilícitos por práticas ilegais.
Essas discussões ocorrem desde a primeira década do novo milênio com o crescimento cada vez mais vertiginoso da internet. Ao mesmo tempo, toda discussão precisou tratar de temas como a liberdade de expressão dos usuários, de forma que eles não tenham esse seu direito pessoal cerceado.
Como funciona a LGPD?
De forma resumida, a LGPD determina que o usuário deve ter o controle de suas informações pessoais. Isso inclui poder modificar, transportar ou excluir seus dados a qualquer momento de forma rápida e sem burocracia. Esse princípio básico altera toda a operação de plataformas e empresas que operam com serviços on-line.
Conheça abaixo de forma mais detalhada alguns tópicos importantes e relevantes desta legislação:
Os princípios da LGPD
Segundo a LGPD, existem 10 princípios que as empresas devem seguir para o tratamento de dados dos usuários. Sua aplicação é obrigatória e deve estar sempre clara para qualquer usuário. Nenhuma ação pode ser realizada com essas informações pessoais sem seguir esses protocolos:
Adequação
A empresa não pode utilizar os dados coletados como quiser. É necessário apresentar uma explicação para sua utilização e informar o usuário. Sua utilização deve ser compatível com a finalidade apresentada ao titular dos dados.
Necessidade
A coleta de informações deve ser restritiva. As empresas devem procurar obter o mínimo para a realização da finalidade proposta pela empresa.Não é permitido fazer a coleta de dados excessiva sem ter um motivo específico para isso.
Transparência
Os usuários têm o direito e a garantia prevista de obter informações claras e acessíveis sobre a utilização de seus dados. A linguagem deve ser a mais clara possível e devem ser evitados recursos que gerem confusão para os respectivos usuários.
Livre Acesso
Este princípio se completa com o da transparência. Toda pessoa tem direito à consulta das suas informações pessoais de forma gratuita e simplificada, clara e completa, em qualquer momento que ele desejar ou solicitar.
Qualidade
Os dados dos usuários garantem ao titular dos dados a maior exatidão possível de suas informações. Eles devem ter a precisão e a clareza necessária, estando sempre atualizados mediante informações apresentadas pelo indivíduo.
Segurança
As informações precisam ser protegidas e mantidas em sigilo, conforme confiadas pelos usuários. Isso significa que as empresas devem evitar acesso não autorizados contra ameaças externas e internas, evitando perda, destruição e alteração dos dados, garantindo sua confidencialidade.
Prevenção
As empresas devem, ainda, se precaver contra estas ameaças de segurança, fazendo o investimento necessário para garantir sua proteção. Isso inclui tecnologias que garantem a integridade das informações, mas também políticas e uma cultura para proteção dos dados dos usuário.
Prestação de contas
O detentor dos dados dos usuários deve demonstrar o cumprimento da LGPD e das medidas apresentadas para sua proteção e liberdade. Este é um dever que as empresas têm diante da confiança que os usuários depositaram em si para a disposição de suas informações pessoais.
Não discriminação
O tratamento dos dados não podem ser utilizados para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos. A partir de determinadas informações em seus registros ou dados pessoais, um indivíduo não pode ter seus direitos ou liberdades cerceados pelo prestador de serviço que contenha suas informações.
Finalidade
Toda informação coletada deverá ter um objetivo e este objetivo precisa ser comunicado claramente, destacando a sua utilização por parte dos respectivos titulares. Essa comunicação é importante para que a pessoa tenha total noção sobre em quais condições seus dados estarão expostos.
Armazenamento de dados
Os dados são os principais tópicos debatidos na LGPD. São essas informações que nos representam digitalmente como indivíduos e permitem a nossa identificação por plataformas e serviços digitais. Elas são segmentadas em algumas categorias que permitem a sua diferenciação.
Dados pessoais
Elas representam qualquer tipo de informação que permita a identificação de uma pessoa. Isso inclui dados de documentação pessoal como RG, nome completo, CPF, endereço, entre outros. Mas ela também inclui todo tipo de informação rastreável pelas plataformas que possa ser relacionada ao usuário e que possa revelar características particulares, como perfis e páginas seguidas, histórico de navegação, entre outros.
Dados sensíveis
Estes dados representam as informações pessoais cujo o tratamento pode impactar em algum tipo de discriminação. Devido a isso, a legislação tem políticas muito sérias em relação a sua utilização. Se enquadram nessas categorias informações como sexualidade, religião, históricos políticos-filosóficos, entre outros.
Dados anônimos
Os dados anônimos se referem informações de usuários que não podem ser identificadas, como informações estatísticas e pesquisas. Neste tipo de informação o, importante é o seu conteúdo e não a identidade da pessoa que o forneceu.
Com a implementação da LGPD, vai aumentar a complexidade na manutenção e gestão das informações por parte das empresas, exigindo respectivas adaptações. O usuário precisará ter direito sobre suas informações e acesso conforme os princípios anteriormente apresentados.
O que muda para as empresas?
Todas as empresas, independentemente do porte, devem se adequar às principais diretrizes da lei. Uma das principais mudanças que devem ser levadas em consideração é a necessidade de o negócio deixar claro sobre a finalidade do recolhimento daquelas informações.
Isso envolve qualquer forma de sua utilização, desde a coleta. Incluem, também, informações como o processamento, armazenamento, compartilhamento, transferência ou eventual exclusão.
Ou seja, sempre que precisar coletar algum dado, o texto deve ser coeso, em letras de fácil compreensão e evitar ao máximo que o usuário seja induzido a aceitar as condições propostas pelo negócio. Já é comum conter formulários, no entanto, com a mudança, existe a necessidade de haver maior transparência por parte do negócio.
A legislação também exigirá uma mudança de posicionamento por parte das organizações com uma mudança nas políticas internas e no mindset.Todos os colaboradores que trabalham com este tipo de informação deverão ser capacitados às boas práticas para lidar com os registros de usuários.
De forma prática, as campanhas também precisam ser pensadas para respeitar as bases da legislação, evitando a coleta de dados sem critério. As empresas também precisarão pensar com mais cuidado em qualquer ação que envolva a utilização de mídia programática. Devem questionar sempre se a comunicação para o tratamento dos dados está adequada para o entendimento dos usuários de acordo com as políticas da regulamentação.
Como o Marketing pode se adequar à LGPD?
Com as restrições impostas pela LGPD, muitos gestores de marketing tem dúvidas e medos sobre sua implementação dentro das ações realizadas na sua empresa. A aplicação da legislação não impede a coleta e utilização dos dados para o desenvolvimento de ações de marketing digital. A mudança está na forma em como isso ocorre e no impacto sentido pelo próprio cliente.
A expectativa é que as empresas busquem formas naturais de alcançar seus usuários, usando estratégias mais inteligentes e éticas de acordo com o pensamento da regulamentação. Entenda como o marketing pode se adequar nesse sentido!
Entenda os principais conceitos da LGPD
Um primeiro passo importante para que a equipe de Marketing possa adequar-se às principais diretrizes da LGPD está relacionada aos seus principais conceitos. Nesse sentido, existe a necessidade de os profissionais entenderem mais precisamente sobre a coleta, acesso, utilização, armazenamento, reprodução, entre outros pontos, adaptando sempre para a realidade de sua estratégia.
Ao voltarmos para a captação de leads em uma landing page, por exemplo, caímos em duas bases legais da LGPD: consentimento e legítimo interesse. A primeira delas, como o próprio nome já diz, refere-se à autorização por parte do lead de receber novos materiais de sua equipe. Ou seja, de forma totalmente espontânea o seu público forneceu informações importantes para a sua equipe, partindo dele a iniciativa de engajamento.
Já o legítimo interesse está voltado para o controlador, ou seja, para quem está de posse desses dados. Ele deve utilizar essas informações apenas para finalidades legítimas e de amplo conhecimento de seu cliente.
Capacite seus colaboradores
Nesse sentido, é fundamental que seus colaboradores tenham uma capacitação no que diz respeito às principais diretrizes da LGPD. Busque por consultorias do mercado e estude aquelas que melhor se encaixam à sua realidade, de modo que os profissionais entendam sobre a importância das mudanças a serem implementadas e como cada um deles poderá utilizar as funções de sua rotina para essa adaptação.
Crie ações de forma criativa
A LGPD não impede a elaboração de ações de marketing digital complexas a partir da utilização dos dados dos usuários. É preciso que sua empresa se adapte e opte por recursos que favoreçam uma comunicação mais orgânica e natural para a coleta de informações do seu público. Eles precisam oferecer as informações de forma espontânea, compreendendo tudo o que diz respeito a sua decisão. Algumas ferramentas e estratégias devem ganhar espaço nesta nova realidade, como o inbound marketing, com a utilização de campanhas de e-mail para nutrição dos clientes.
Traga alternativas que facilite a saída de seus leads da base
Esse ponto já era importante antes mesmo da definição de uma data para a LGPD entrar em vigor. Afinal, caso você não ofereça uma alternativa simplificada para que o lead seja descadastrado de sua base e não mais receba os materiais, provavelmente o efeito será contrário, trazendo insatisfação por parte da pessoa ao receber materiais que já não lhe interessam mais.
Por essa razão, o ideal é optar por ferramentas de automação que ofereçam essa alternativa. Assim, sempre que o lead enxergar a necessidade de ser retirado daquela base, poderá efetuar essa atividade de forma natural.
Promova engajamento com transparência
Conforme vimos, um dos pontos mais importantes da LGPD é trazer transparência para os clientes e potenciais clientes. Dessa forma, sempre que houver a necessidade de coletar dados de seu prospect, existe a necessidade de deixá-lo ciente dos motivos que levaram àquela solicitação.
É preciso que haja essa atenção para qualquer canal de comunicação, com um olhar especial para as redes sociais. Se a sua equipe necessitar de informações dos clientes para determinado processo interno em cima de um chamado (necessidade de suporte, por exemplo), haja sempre com transparência e nunca utilize esses dados para outras finalidades.
Tenha atenção quanto às solicitações do usuário
Hoje, o marketing terá o grande desafio de fazer uma prospecção de leads que traga resultados e, ao mesmo tempo, atenda às principais normas da LGPD. Apesar de haver a necessidade de oferecer um treinamento para a sua equipe, um ponto simples de ser entendido é o consentimento do usuário.
Caso a pessoa tenha solicitado o descadastro e não tenha conseguido concluir o pedido, entre em contato e entenda o que de fato ocorreu durante o processo. O proprietário dessas informações é o seu cliente ou potencial cliente . Nesse sentido, a decisão de continuar ou não em sua base é totalmente dele.
Por isso, reforçamos sobre a necessidade de contar com ferramentas que facilitem essa ação, trazendo ganhos até mesmo para os seus resultados (afinal, se houver a insatisfação por um contato insistente, o cliente dificilmente voltaria a fechar negócio com a sua empresa).
Neste conteúdo, você pôde entender o que é a LGPD, qual é a importância do Marketing estar atento a esses pontos, além de dicas práticas que podem ser adotadas para adequar-se às novas regras. Assim como em qualquer outra estratégia, existe a necessidade de preocupar-se com a experiência do cliente, uma vez que, ao apostar em ações que tornem o relacionamento mais positivo, consequentemente os resultados serão mais atrativos.
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